Segundo um novo estudo submetido à revista Astronomy and Astrophysics, a radiação estranha proveniente do núcleo de nossa galáxia, a Via Láctea, pode ser um sinal da muito procurada matéria escura, o material evasivo que se pensa formar a maior parte do universo.
Os pesquisadores têm caracterizado em grande detalhe a radiação que forma uma névoa misteriosa no centro da nossa galáxia e suspeitam que essa mesma névoa não é gerada pela matéria "normal", constituinte de tudo o que podemos ver e medir.
"A radiação não pode ser explicada pelos mecanismos estruturais na galáxia e não pode ser a radiação de explosões de supernovas", disse Pavel Naselsky, do Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, e co-autor do estudo.
"Nós acreditamos que esta poderia ser a prova da matéria escura", acrescentou. "Caso contrário, descobrimos [um] mecanismo absolutamente novo (e desconhecido para a física) de aceleração de partículas no centro da galáxia."
Se essa interpretação estiver correta, a neblina pode ser uma assinatura de matéria escura, cuja existência os cientistas têm tentando confirmar à muito tempo. Pensa-se que a matéria escura constitui cerca de 22% do universo, enquanto a matéria normal compreende apenas 4%. (Os restantes 74% do nosso universo é energia escura misteriosa, dizem os pesquisadores).
Uma das principais teorias da matéria escura sugere ela é feita de partículas chamadas WIMPs, que são partículas e antipartículas. Quando dois WIMPs colidem, eles aniquilam-se (assim como toda a matéria e partículas de antimatéria parceiras fazem quando se encontram). Neste sentido, os pesquisadores podem estar a ver a radiação de microondas lançado pela aniquilação de matéria escura.