Em termos genéticos, não é importante o que se tem, mas sim como se usa o que se tem. A ilustrar esta ideia vejamos o caso dos humanos e dos chimpanzés. De facto, ambas as espécies podem partilhar muito mais do que os genes, no entanto os seres humanos são muito mais suscetíveis a doenças como o cancro. Alguns fatores que influenciam a forma como os genes são lidos poderá explicar porquê.
Se um grupo metilo adicional decora um gene - uma mudança epigenética chamado metilação do DNA - pode ser menos provável que o gene seja expresso. Uma equipa de investigação, incluindo Genevieve Konopka do Southwestern Medical Center da Universidade do Texas, em Dallas, EUA, analisaram amostras do córtex pré-frontal de humanos e chimpanzés para medir os níveis de metilação. A análise mostrou que o córtex humano tende a ser muito menos metilados do que o dos chimpanzés.
De forma mais aprofundada, os investigadores perceberam que os genes que foram diferencialmente metilados, incluíam alguns que foram já associadas ao comprometimento cognitivo, bem como a alguns tipos de cancro.
O estudo, publicado no American Journal of Human Genetics fornece evidências de que as diferenças de metilação podem ser uma pista importante para a evolução do cérebro humano, bem como prover pistas importantes acerca da suscetibilidade ao cancro.