Uma mãe pode ter sempre os seus filhos em mente, literalmente. Novas descobertas revelam que células de fetos podem migrar para o cérebro das suas mães, dizem os pesquisadores. Ainda não se sabe se essas células podem ser úteis ou prejudiciais às mães, ou possivelmente ambos.
Descobertas recentes mostraram que durante a gravidez, as mães e fetos, muitas vezes trocam células que aparentemente podem sobreviver no corpo por anos, um fenómeno conhecido como microquimerismo. Os cientistas descobriram que em ratinhos, as células fetais pode mesmo migrar para o cérebro de mães.
Os pesquisadores analisaram os cérebros de 59 mulheres que morreram entre as idades de 32 e 101 anos. Eles procuraram sinais de ADN masculino, que segundo os investigadores, teria chegado a partir de células dos filhos (Eles procuraram por ADN masculino porque o feminino teria sido mais difícil de distinguir de genes da mãe).
Em quase dois terços das mulheres foram encontrados traços do cromossomo Y masculino em várias regiões do cérebro. Este efeito foi, aparentemente, de longa duração: A mulher mais velha em que se encontrou ADN fetal masculino tinha 94 anos. Os cientistas detalharam suas descobertas na revista PLoS ONE.
O sistema de defesa conhecida como a barreira hemato-encefálica previone que muitas drogas e germes na corrente sanguínea entrem no cérebro. No entanto, os médicos descobriram que essa barreira se torna mais permeável durante a gravidez, o que poderia explicar como essas células fetais migraram para o cérebro das suas mães.
"A implicação mais importante de nossas descobertas é o potencial para conseqüências positivas e negativas de microquimerismo no cérebro para um número de diferentes doenças que afetam o cérebro, incluindo doenças degenerativas e cancro", disse o pesquisador William Chan, um immunologistat do Fred Hutchinson Cancer Research Center, em Seattle.
Trabalhos anteriores sobre microquimerismo sugeriram que células fetais podem proteger contra cancro da mama e ajudam na reparação de tecidos nas mães, mas também podem aumentar o risco de cancro do cólon e ajudar a incitar doenças auto-imunes, em que o corpo de uma pessoa é erroneamente atacado pelo seu próprio sistema imunitário.
Investigações futuras podem querer verificar se as células fetais no cérebro desempenham um papel na doença de Alzheimer. Pesquisas anteriores sugeriram que a doença de Alzheimer é mais comum nas mulheres que tinham um elevado número de gravidezes que em mulheres sem filhos. Os pesquisadores também querem ver que efeitos as células de uma mãe pode ter no desenvolvimento da sua prole e da saúde.