Ouvir a música favorita pode aumentar a capacidade do cérebro para responder a outros estímulos em pessoas com distúrbios de consciência. Tem sido demonstrado que a música tem uma influência benéfica sobre o processo cognitivo em pessoas saudáveis e com danos cerebrais. Por exemplo, a músicoterapia diária pode ajudar a melhorar a recuperação cognitiva após um acidente vascular cerebral.
Fabien Perrin da Universidade de Lyon, França, e colaboradores gravaram a atividade cerebral de quatro pacientes - dois em estado de coma, um em estado minimamente consciente, e uma em estado vegetativo - enquanto os investigadores liam uma lista de nomes de pessoas, incluindo o nome próprio do sujeito. A lista foi precedida pela música favorita do sujeito ou por "ruído musical". A equipa repetiu a experiência com 10 voluntários saudáveis.
Nos quatro pacientes, quando tocava a música em vez de ruído musical, a qualidade da resposta posterior do cérebro melhorava mais ao ouvir o seu próprio nome, aproximando-a à resposta cerebral dos dez voluntários saudáveis ao ouvir o seu próprio nome.
Perrin tem duas teorias acerca destes resultados. Segundo o autor, ouvir a música preferida ativa a nossa memória autobiográfica, tornando dessa forma mais fácil a percepção posterior de outro estímulo autobiográfico, como o nome. Por outro lado, para o mesmo autor, a música aumenta a excitação ou a consciência, talvez por isso, aumente temporariamente a consciência tornando a discriminação do seu nome mais fácil.
Apesar da importância deste achado, ainda é cedo para se concluir os possíveis efeitos terapêuticos que este facto possa ter. Por esse motivo, mais pesquisas devem ser efectuadas para verificar o verdadeiro impacto da música ao nível cognitivo em pessoas com danos cerebrais. No entanto, é importante esta descoberta que aponta para a implicação direta da música no ambiente sensorial de pacientes em terapia intensiva.