Biliões de toneladas de metano escondem-se sob o gelo antártico

Dygnim

Micróbios, que possivelmente se alimentam de restos de uma antiga floresta, podem estar a gerar biliões de toneladas de metano nas profundezas do gelo da Antártida, sugere um novo estudo. A quantidade deste gás de efeito estufa, que existem na forma de uma substância congelada chamado hidrato de metano, escondido sob as diversas camada de gelo armazenadas nos oceanos do mundo, permanece desconhecida.


Com o colapso do manto de gelo, o gás de efeito estufa pode ser liberado para a atmosfera e piorar drasticamente o aquecimento global, alertam os pesquisadores num estudo publicado na revista Nature. Os micróbios que vivem em ambientes extremos, muitas vezes criam metano como subproduto do seu metabolismo.

Os cientistas acreditam que a Antártida pode abrigar este tipo de micróbios extremófilos (que vivem em  condições extremas) já que os sedimentos nesse local, relíquias possíveis de uma antiga floresta e do oceano Antártico, podem fornecer uma rica fonte de alimento em carbono para os produtores de metano. Todavia os custos da perfuração no gelo para confirmar esta hipótese são demasiado elevados.

Para contornar esse problema, Wadham e seus colaboradores, autores do artigo, serraram pedaços de sedimentos das margens de uma calota da Antártida, onde o gelo era muito mais fino. Eles derreteram o gelo e identificaram os micróbios que produzem o metano e vivem no sedimento. De igual forma, colocaram a pasta num ambiente frio, escuro, e livre de oxigénio durante dois anos, tendo medido a quantidade de metano produzida pelos micróbios em vários pontos no tempo.

Combinando esses dados com modelos de condições antárticas, os pesquisadores estimaram a quantidade de gases do efeito estufa que se poderiam ter formado ao longo de milhões de anos sob a Antártida. Neste sentido, centenas de biliões de toneladas de carbono podem estar retidos em reservatórios de metano por baixo do continente, defende o estudo. 

O metano é um  potente gás de aquecimento global, capaz de prender 20 vezes mais calor do que o dióxido de carbono, ainda que permaneça na atmosfera por períodos mais curtos de tempo. A baixa temperatura e alta pressão da camada de gelo provavelmente mantém o gás de uma forma estável sob a forma de hidrato de metano. Se libertado, poderia aumentar a concentração na atmosfera, potenciando ainda mais o aquecimento global.

Temas